terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Tarde

Os passarinhos meio que podiam cantar quando eu passar. Algo como uma bela melodia para se dançar num fim de tarde. Uma vitrola, chá, livros distribuídos por cores nas estantes. Ou talvez um noivado no jardim da frente com um trio sorrindo de violão na mão, salgadinhos feitos pela mãe da noiva enquanto o pai do rapaz flerta com as mulheres mais novas.
Pode ser uma espécie de churrasco no domingo, um calor tão grande que faz todo mundo ser amigo, e cada golada na cerveja acalma a alma.
Um dia cinza, um filme antigo daqueles que já passaram tanto e tando na TV, e a expectativa de chuva mantendo todos acordados na esperança de dormir ao som das gotas no telhado.
O fim de uma aula, os últimos toques e cores de um trabalho, aquele momento em que se vê claramente quem aperfeiçoa e quem só quer ir pra cantina comer uma coxinha.
Aquela reunião cansativa, que gira em círculos tão complexos que todos só se limitam a discordar ou concordar.
A expectativa de uma noite melhor, o típico sofrimento de que a tarde precisa acabar porque aí se terá o que fazer, com quem falar, ou mesmo algo melhor pra se pensar. Quem sabe um café frio, um sofá, palavras vazias na tela do computador, enquanto a agenda ao lado marca tantos compromissos sem que você queira. É a hora em que menos parece pesar o cansaço depois de um dia eterno de um trabalho qualquer, com calor, preguiça e esperança. Ou arrumar o quarto, ou escrever um texto, ou um artigo pra sempre inacabado. Ou uma falação sem tamanho.
A tarde acaba, você aí, eu aqui, e ai, é longe.

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