quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

E aí ela começou a pensar sem parar. Sem parar pra pensar ou de pensar, uma cabeça que nem por um segundinho parava de trabalhar, mesmo que fosse rapidinho assim, tipo um suspiro, um alívio, um sei lá. E ia criando mil coisas, todas as teorias do mundo, misturando todas e não entendendo nada. Entendia até, mas confundia logo, e ouvia isso quando diziam aquilo e foi pirando e pirando e pirando, até que colocava a cara contra o travesseiro e ordenava: para!
Podia sentar num bar, podia beber 100 cervejas e ficar feliz, mas continuava pensando e julgando, e analisando cada movimento ao seu redor, de um jeito chato, às vezes escroto, às vezes irônico bravo preocupado, um jeito sozinho. Mas falava. E falava sem parar, falava quase tanto quanto pensava e não podia controlar e não sabia explicar.
Acho que devia deixar pra lá. Devia esquecer, mas esquecer até não ter mais nada pra esquecer, pra ser capaz de ficar até burra de tão vazia. Alienada e quieta. E aí sim voltar
a ler escrever cozinhar falar conversar beber dançar encontrar ligar brincar brigar se indignar assistir chorar e
tudo que te faça pensar. Pensar sem parar.