sexta-feira, 5 de março de 2010

cesta chata

Vontade de ter um diário. Talvez um diário coletivo, uma sala de aula chata e bilhetes compulsivos. Quem sabe também duas amigas do tipo que te fazem sentir que pode ser superada (digo em níveis de retardamento). No fim, só vontade, ter mesmo só tenho saudade.. fazer o quê, o único remédio pra nostalgia é digitar qualquer coisa. Já disse uma vez que o que eu queria mesmo era o alívio de um papel e a praticidade de um teclado. Mas acabei ficando só com o teclado.
Não adianta. Não vou ter minhas tardes de 7belo de volta. Meus finais de semana dentro de casa, copiando recados, respondendo e inventando perguntas, tendo um namorado e ficando bêbada com amarula. Sentir saudade é uma baita perda de tempo. Mas sexta-feira na internet não se tem mesmo muito com o que gastar o tempo..

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

um dia eu fujo e vo viver de samba

oi

Toda minha capacidade de expressão focada em uma janela de computador. Quem diria.
Cadê toda aquela disposição pra devorar livros e abraçá-los pra ver se dava pra sentir mais ainda aquelas frases e caronas e poemas e romances (?).. agora é só aqui. Vou queimar essa máquina. Sair daqui, parar de conversar, não preciso de tanta comunicação assim, de tantas notificações, avisos, propagandas e detalhes. No fim, são uns detalhes idiotas mesmo, que não fazem falta em uma semana, talvez dêem saudade em um mês, mas no seguinte já são dispensáveis. Podia viver a vida sem notícias, alienada numa casa pequena com duendes de jardim e essas coisas que casas pequenas de gente alienada têm. Tipo, plantas. Mas não me dou bem com plantas. Eu acho elas uma gracinha e tudo, mas odeio ter responsabilidades como regar. Matei um cacto por falta de água no ano passado.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Reflexões num bloco branco de 15 centímetros

23 de janeiro de 2010 você tem a leve impressão de não ter escrito nada no ano, eu, por acaso, não tenho, apesar de no fundo não ter escrito, mas impressões são apenas conclusões impensadas com 36,5% de chance de estarem corretas. Dizem que a água vai acabar. Não no mundo (isso também dizem) mas aqui na cidade. Imaginemos que assim todas aquelas roupas guardadas no fundo da gaveta (presentes das tias) serão usadas. A água é como uma greve de operários. Uma hora tem que voltar, afinal, filhos precisam ser alimentados com o salário no fim do mês. Mas a água não tem filhos, então fica mais complicado (nota: bom título para um filme: Os Filhos da Água).
Vou divulgar uma coisa que pensei quando levava um caldo hoje mais cedo:
GUIA PRÁTICO DE SEQUESTRO
1 Sequestre pessoas pobres. Eles amam os filhos e não chamam atenção da imprensa.
2 Receba o dinheiro por SEDEX. É rápido e seguro.
3 Tenha preferência por filhos. Pais são velhos e inúteis.
Acho sequestro um crime muito desemocionante. Além de ser extremamente capitalista. O que houve com a revolta e o vigor do roubo? O negócio é que as pessoas não pensam mais no significado de seus crimes, só querem lucrar. Nesse caso, o sequestro é realmente mais indicado. Vou mudar de assunto, esse já tem muitas páginas. Ah.
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Às vezes a gente tem simplismente que parar pra prestar atenção em qualquer coisa. Tipo quando você está lendo numa varanda qualquer enquanto balançam na rede na sua frente sem a mínima presa de viver e você houve um barulho estranho como um assovio agudo, que poderia ser qualquer coisa mas é só o vento. E numa hora dessas não tem jeito, a única coisa que você tem é uma baita vontade de chorar. E acho que escrever é chorar. E acho que não existe melhor forma de chorar do que essa.
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Nem dá pra entender direito qual é o prazer de acordar tão cedo. Você passa o dia todo se enxendo das pessoas, querendo que algumas sumam e outras simplismente dêem uma volta, mas quando acorda de manhã e se vê sozinho, só fica torcendo pra que todo mundo acorde logo. Ou não.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

E aí ela começou a pensar sem parar. Sem parar pra pensar ou de pensar, uma cabeça que nem por um segundinho parava de trabalhar, mesmo que fosse rapidinho assim, tipo um suspiro, um alívio, um sei lá. E ia criando mil coisas, todas as teorias do mundo, misturando todas e não entendendo nada. Entendia até, mas confundia logo, e ouvia isso quando diziam aquilo e foi pirando e pirando e pirando, até que colocava a cara contra o travesseiro e ordenava: para!
Podia sentar num bar, podia beber 100 cervejas e ficar feliz, mas continuava pensando e julgando, e analisando cada movimento ao seu redor, de um jeito chato, às vezes escroto, às vezes irônico bravo preocupado, um jeito sozinho. Mas falava. E falava sem parar, falava quase tanto quanto pensava e não podia controlar e não sabia explicar.
Acho que devia deixar pra lá. Devia esquecer, mas esquecer até não ter mais nada pra esquecer, pra ser capaz de ficar até burra de tão vazia. Alienada e quieta. E aí sim voltar
a ler escrever cozinhar falar conversar beber dançar encontrar ligar brincar brigar se indignar assistir chorar e
tudo que te faça pensar. Pensar sem parar.